"Gabriel levanta os joelhos do solo e faz um ultima reverencia ao seu Deus. Seus olhos quase já não vêem mais o sol quando ele termina sua oração, mas desta vez a orientação que lhe foi oferecida foi muito reveladora."
Os dias estavam muito confusos, primeiro a emboscada, depois os dois encontros com o magistrado, que apesar de sua cordialidade, o deixou um pouco alerta em relação maneira que a justiça era feita na cidade. Dúvida essa que seria agravada quando a pequena dançarina lhe revela a história sobre a sucessão do Conde da cidade.
"Talvez a lei desse local tenha se tornado tão corrupta que sustentá-la pode ter ficado sem sentido. O mal deverá ser confrontado! Os cidadãos não podem se defender deste tirano! Vou averiguar a veracidade dessas informações e lidar com esse problema em breve." Pensa o cavaleiro.
O dogma primordial de Mão Justa a não ressoava tão forte em sua cabeça como essa noite: "Revele a Verdade!"
Era a única coisa que preenchia seus pensamentos e assim Lord Iuris não teve dúvida, e enquanto esperava os rituais do sacerdote da lua se realizarem, ele resolve por em prática seus ensinamentos e se prostra na frente da taverna para observar todos aqueles que, através dos desígnios de seu Deus, fossem considerados impuros.
A sagacidade de Bigodes não pode deixar de perceber a intenção do campeão de Tyr. Seus propósitos não eram nem um pouco nobres, mas o menestrel segue o paladino esperando que alguma confusão acontecesse. Afinal, estar perto dele já tinha se mostrado uma boa fonte de confrontos e espólios.
O tempo passou e a lua já estava alta no céu, realmente parecia que a maldade tinha resolvido se esconder da justiça naquele dia. Os dois aventureiros conformados, cada qual com a sua frustração, se preparavam para voltar para a companhia de seus outros amigos quando no canto de sua visão uma aura vermelha surge.
A armadura pesada não impediu os passos firmes e diligentes de Gabriel. Bombarril com medo de ficar para trás por causa de suas pequenas pernas o segue correndo.
- Qual é o seu nome e sua função, cidadão? – pergunta, rispidamente, o guerreiro sagrado para o homem esguio e de peles escuras como o piche.
O homem cerra o cenho, põe sua mão no peitoral de aço da armadura de Gabriel e tenta empurrá-lo para longe. A tentativa é em vão quando o gesto rápido do seguidor da tríade agarra o braço daquele que foi considerado maligno pela graça dívida dobrando-o atrás suas costas.
- Qual é o seu nome e sua função, cidadão? – pergunta novamente se maneira severa.
Sem dizer nenhuma palavra o oponente tenta se livrar da situação apenas para receber um chute e cair de joelhos.
- Qual é o seu nome e sua função, cidadão? - pergunta pela terceira vez tirando sua espada da bainha.
Essa atitude provou ser ineficiente, pois com uma agilidade impressionante o maldito surpreende o cavaleiro e se desvencilha de suas mãos e rolando para o lado. Entretanto o halfing já estava preparado para uma investida e sua pequena lamina corta a carne daquele que tinha algo para esconder de justiça.
- Deixe-me destruir os impuros, e meu abençoe; Reprove-me se estiver errado, e isso será como um ungüento em minhas chagas; E mesmo que me recuse, continuarei a orar contra os feitos dos ímpios. – clama Gabriel, fazendo sua espada, a Greenhilt, se iluminar com uma luz sagrada.
A fúria contra a maldade é tamanha que sua habilidade fica comprometida quando seu braço se retesa para golpeá-lo com toda sua força. E antes que o aço atinja o inimigo da justiça, grita:
- “Ignis Sacri!” – e a luz branca agora e envolvida em chamas para que toda a glória de Tyr pudesse ser sentida.
A espada atravessa o peito de seu oponente rasgando-lhe vestimentas ecarne, deixando uma poça de sangue em seus pés, mas o mal era tamanho que mesmo com mais um golpe de Bigodes o infiel consegue fugir.
Correndo ele rapidamente consegue se esconder pelas ruas estreitas da vila.
- Maldito rato imundo, deve conhecer cada beco fétido do submundo deste local, mas Tyr há de me revelar seu paradeiro e assim poderei fazer com que a Verdade seja revelada! – Pensa Gabriel enquanto apóia as mãos no joelho para recuperar o fôlego que o cansaço de correr trajando tão pesada armadura cobra de seus pulmões.
Lentamente ele e seu companheiro voltam para a porta de taverna no momento que Lahal aparece na porta e diz:
-Venham, o sacerdote Firehammer conseguiu algumas respostas.
Ao subirem para os aposentos da hospedagem, vêem o clérigo concentrado olhando para a parede como quem procura uma solução de um problema. Não demorou muito para os personagens entenderem o que o atormentava. A Senhora de Prata parecia ter oferecido sua ajuda aos mortais. Sob as súplicas de seu fiel seguidor, como se o falecido senhor Alastror "Cajado-Rápido" tivesse ele próprio reencarnado e pintado a parede com uma mensagem. As suas palavras póstumas diziam:
Sou conhecido como Alastror "Cajado-Rápido.
Sou homem e engodo do verdadeiro senhor Alastror.
Um pequeno me assassinou na calada da noite.
Na última noite.
As peças do quebra-cabeça aos poucos vão se encaixando.